Vou fazer uma dieta. Dessa vez não é o chocolate, a pizza
nem a lazanha que saem de cena. Vou dosar meus sentimentos, te cortar dos meus
pensamentos, te deixar só no subconsciente para ver se pelo menos assim você me
deixa trabalhar em paz.
Vou racionar minha volúpia, interromper o chat no face,
desativar o whassap. Deletarei seu número do meu telefone, mas antes, como quem
não quer nada além de enganar a si mesmo, vou deixar anotado na agenda velha no
fundo da gaveta.
Já agendei um analista e vou conversar com ele do mesmo
jeito que dialogava com o endócrino sobre a minha ansiedade por açúcar.
Pretendo passar lá toda semana para ver se a cada dia eu deixei um décimo da
sua presença na beira do meu esquecimento.
Bati um papo com alguns nutricionistas. Eles já me conhecem
antes de você- são meus amigos- e podem me dizer como que eu faço para parar de
pensar no seu rostinho meigo o tanto quanto eu deixei de pensar em brigadeiro.
Vou calcular as calorias da alma na dieta dos pontos e
contar quantas vezes sua hostilidade já me fez chorar. Vou deixar de atender
suas ligações. Entrarei em recesso de você para ver se eu me equilibro.
Vou chorar escondido lembrando daquele beijo que me deu de
madrugada à caminho da capital daquele país que mudaria a sua história.
Comprei passagens para o Sul. Vou passar uma semana longe
daquele barzinho onde nos encontramos muitas vezes. Quem sabe assim eu não me
reencontro, me concentro e ponho em prática a ideia de continuar o livro das crônicas
de amores solúveis.
Vou correr mais. Pegar mais ferro e passear com o meu
cachorro por mais tempo. Uma dose de serotonina cairá nas minhas veias e me
fará mais feliz ainda do que você me fez naquele final de semana de inverno.
Vou continuar lembrando de você, ainda que eu tenha
emagrecido mais e me matado de tanto trabalhar, vou olhar no meu pefil do Face
e ver que a nossa foto junto não é tão ruim assim.