Poluição do ar e stress
no trânsito matam 4 mil pessoas por ano no país
texto e foto Ingrid Araújo
O livro “Meio ambiente e
saúde: o desafio das metrópoles”,
coordenado pelo Dr. e Prof. Paulo
Saldiva, Chefe do Departamento de Patologia da USP , reúne pesquisas sobre o
impacto da poluição atmosférica no meio ambiente e o stress do trânsito na
saúde do cidadão principalmente em S.
Paulo, onde se localiza a maior frota de veículos do Brasil.
Segundo a pesquisa
descrita na obra que foi apresentada no ciclo de debates promovido pelo Detran
SP, 90% da poluição atmosférica da cidade provém de veículos, dos quais 40% são
representados por caminhões e carretas. Ainda que com um aspecto silencioso, o
ar poluído, de acordo com o pesquisador, é o causador de aproximadamente 4 mil mortes
por ano no país.
Para ilustrar a
atrocidade, Saldiva citou um estudo europeu que constata que o aumento da
combinação dos gases metano, C02 e ozônio na atmosfera até o ano de 2050, pode
matar 5 milhões e meio de pessoas
vítimas de doenças respiratórias. Estatística esta que ultrapassa o
número de mortos por AIDS.
O estudo apontou que se
houver a redução da poluição em 10%, ao longo de 20 anos o número de mortes
pode cair para 120 mil. Um caso abordado na Revista Médica analisou a
perspectiva de 55 cidades dos EUA. Nelas, percebeu-se que quanto maior o
índice de poluição do ar, menor era a expectativa de vida.
SAÚDE
Para o pesquisador,
cidades são consideradas como organismos vivos, pois abrigam o maior número de
doenças múltiplas, entre elas a febre, Alzheimer, hipertensão e obesidade. “ O indivíduo obeso, por
exemplo, não a contraiu por herança genética, mas porque absorveu costumes doentios do cotidiano ao longo do tempo.
Os adolescentes que
passam a maior parte do tempo em casa consomem mais alimentos ricos em açúcar
refinado e gordura saturada, pois são comidas de fácil preparo. “Preferem jogar
interagir com um computador ao sair, pedalar pela cidade e gastar em uma hora,
aproximadamente 350 caloriAs”, relata
Saldiva.
TRÂNSITO
O trânsito das grandes
cidades também é citado como precursor do stress e das doenças
cardiovasculares. De acordo com pesquisador,
a pressão arterial do indivíduo dentro de um carro aumenta 15%. Dados do
Ministério da Saúde revelam que a hipertensão, somada a obesidade e
sedentarismo resultam em 29,4% mortes
por infarto por ano.
Saldiva confessa que
tomar banho de canequinha no escuro é um discurso ambiental que daqui há 50
ano só beneficiaria os ursos polares. Entretanto, para o patologista a solução dos
percalços pode se iniciar com um vínculo entre a política, economia e a ciência
como base do conhecimento para implantação dos projetos que repensem em redução de gases tóxicos, mobilidade
no trânsito, e a forma de organizar a
cidade.
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