e ficamos cada vez mais sozinhos
Reuniões semanais com o chefe, com o síndico no condomínio, as aulas de pilates e os almoços de domingo na casa da avó nos deixam com a sensação de que somos muito importantes. Exercemos em cada grupo um papel social diferente que traz a ideia de que nossa presença é sumariamente indispensável.
Podemos em parte representar a ausência de uma figura especial na vida de alguém. Ora como mãe, namorada, irmã mais velha, prima e dificilmente bem aceita em São Paulo, como vizinha gente fina que empresta uma xícara de açucar ou a caixa de fósforo.
Homens, mulheres, casados e de relacionamentos indecisos estão rodeados por afazeres e tarefas dispendiosas que ditam a vida pública mais do que inútil às vezes; viver para todos e ao mesmo tempo sem um momento para sí.
Eles e as situações estão por toda a parte nos dizendo o que é melhor; como ganhar mais dinheiro, economizar para passar um tempo fora do país; educar as crianças manhosas de três anos, trocar o carro e quitar as parcelas do seguro; prevenir o diabeter e driblar a vontade estúpida de ingerir massas e doces.
Sentenciam, paulatinamente as dores, derrotas e êxitos do cotidiano e das oscilações do ego. Não perdoam deslizes e aplaudem conveniências. Participam com a gente dos melhores jantares de negócios, aliam-se nas causas de dúbio interesse e comemoram seu aniversário com bolo confeitado de padaria no seu setor de trabalho.
E quando as portas da apartamento se abrem, te lembram que depois das seis da tarde o vazio toma conta do estômago, do freezer, e da alma. O único barulho que se ouve é do relógio da cozinha e da torneira que não foi fechada antes de pegar no sono.
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