quando a gente gosta, percebe-se
Procuro pensar que as relações mais sublimes e deliciosas
acontecem no tête à tête. Tanto amizades de infâncias que se prolongam por
décadas como os namoros que acostumamos a começar depois de um tempo de
conversa.
Não tem nada melhor do que conhecer alguém pessoalmente. A
vida nos propõe oportunidades dessas a todo momento. Basta estar atento a todas
as possibilidades. Até aquelas que aparentemente não são tão excitantes assim,
como levar um sobrinho no parque ou a avó na consulta médica de rotina.
O destino, que está acima das nossas percepções, muitas
vezes nos reserva alguns bônus para que o coração ,quando sabe ouvir, leva para
casa boas promoções em forma de sentimento. É como se fossem liquidações
relâmpago em tempos de inflação de relacionamento.
Pessoas super interessantes e atraentes aparecem de relance
em nossas vidas. E todos estamos à venda
no mercado das relações. E ultimamente, atrair e ser atraído é questão de tino,
postura, olho aberto. Quem conquista mais rápido é porque geralmente entende a
sintonia de atração quando deixa rolar uma boa conversa que, nem sempre no
primeiro encontro, termina em beijo.
Desse ponto então começam os encontros que passam de casuais
para planejados. As vontades mútuas crescem dentro de nós de forma que o outro
toma nossa mente e nosso discurso. E quando isso acontece é paixão na certa.
Muitos acham isso ótimo.
Como se tivessem chegado a uma terra frutífera que faziam
ideia por muito tempo, mas da qual não tinham a autorização. Este espaço, na
maioria das vezes, é o coração de quem a gente gosta. Enquanto vivemos a
reciprocidade do afeto, tudo torna-se mais simples, leve, absolto.
Preocupo-me em falar dos que rascunham, estudam e projetam o
amor mútuo a partir de poucos gestos
agradáveis e carinhosos do outro. Ivan Martins, escritor sobre relacionamentos, destaca
que esse tipo de atitude não passa de confusão mental que, segundo ele, é
cometida em larga escala pelas mulheres.
Muitas, depois de receber olhares e frases abarrotadas de
adjetivos muitas vezes canalhas, decidem por liberar de vez a sentimentalidade.
A princípio, ilusório. Por fim um erro do auto-engano.
Uma amiga me contou que só sacou que o cara que ela estava
perdidamente apaixonada e amando platonicamente não estava a fim dela, depois
de uma cantiga que um amigo em comum inventou. Dizia que o moço que ela gostava não iria viajar se
a Paula, amiga dela, também não fosse.
Pronto. Demorou mas ela caiu dos penhascos das emoções que
criou. Foram mais de oito meses à espera da resposta deste ex para ver se
depois da pausa que ele pediu, eles voltariam a namorar.
Triste engano. Minha amiga, nessa época ao 18, chorou
amargamente e ainda foi pedir satisfações tardias. Doeu mais ainda. Mas foi
útil porque serviu de lição para conquistar o atual marido. Ela deixou perceber a espontaneidade dos interesses e dessa vez, não pensou duas vezes.
As relações são garantidas por sinais e ações que recebemos.
E eles quando gostam mesmo, não demoram para responder. Isso rola porque vem de
dentro, sem niguém apontar, dar indícios ou simular. O amor, no começo e no
fim, é quem encontra as coisas.
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