Vai acontecer com os indígenas a mesma coisa que acontece com o lixo em
Estocolmo, que vai parar debaixo da terra para ser reciclado e ser transformado
em mercadoria. Só que com os índios é um pouco diferente; continuarão sugados
pelos direitos mercantilistas que tomarão cada vez mais suas terras, destruirão
suas áreas verdes e extinguirão gradativamente sua legitimidade cultural
histórica.
Eles precisam desaparecer para a agropecuária crescer. Produtores
precisam cada vez mais de espaço para investir no plantio de soja, engordar a
Friboi e deixar o governo brasileiro bem na fita com um PIB que avançou num
todo 0,6% da economia no primeiro trimestre de 2013. Um dos motivos que levou a Confederação da Agricultura e Pecuária
do Brasil (CNA) em junho deste ano a pedir
novo formato da política indigenista, alegando que o setor tem peso econômico
no país e que a população indígena e que a politica de demarcação de terras
impede o desenvolvimento do setor.
A ONU, em julho do ano passado, publicou uma nota e cutucou sutilmente a medida do governo Dilma, que, de uma forma desapercebida, não dá importância aos tratados de análise das políticas indigenistas. A portaria 303/2012 da Advocacia Geral da União(AGU) prevê a orientação aos advogados de tomar providências relacioandas à assuntos indígenas sem consultar o órgão Federal. A AGU consegui o poderio desgarrado de auditar a gestão de direito de posse das terras eximindo a ciência da Funai a respeito.
A Organização Internacional puxou a orelha dos petistas ao lembrar que os tratados e inclusive a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, da qual o Brasil faz parte, estabelece que as populações tradicionais devem ser consultadas nessas situações. Foi mais uma manobra para se esvair das críticas. Um belo papel de órgãos "desavisados".
E por falar em belo, a construção da Usina lá Pará sob projeto do
PAC(Programa de Aceleração do Crescimento) vai de vento em poupa depois da
aprovação dos licenciamentos ambientais pelo juiz Marcelo Honorato. Ele
assou por cima da CIMI (Conselho Indigenista Missionário) alegando que a área
da construção e a abrangência
não tinha relação alguma. Eu vejo, e muita. Quanto maior a
devastação ,maior o desmatamento e depreciação do legado cultural, pois as
tribos se dispersarão, assim como parte da história nacional.
Nessa linha tenue entre poder e terra existem o
conhecimento da biodiversisdade da qual o povo indígena é detentor e que
num piscar de olhos, através de acordos majoritários entre aldeias e ministério
público, vai continuar levando o conhecimento da medicina das ervas e plantas
para fora do nosso território e enchendo os cofres das farmacêuticas internacionais.
Os índios podem até serem chamados de assassinos por terem matado
nove servidores num espaço de 15 da Funai que cercaram as as terras do
Vale do Javari, interior do amazonas. Eles não abriram mão do direito de
permanecerem isolados, pois deve ter sido a única maneira de preservação,
depois de chegarem a real conclusão de que os acordos só lhes renderam meros
subsídios como também nem o direito de articulação fora do Congresso.
O povo dono de 274 línguas particulares de suas terras, e da sabedoria
singular sobre os melhores remédios da natureza pedem o espaço para se
reservarem, antes de serem levados à penitencia pelos canos da desigualdade.
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