segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Certezas de Mariana



A jovem paulistana, não diferente do clichê vivido por muitas da sua idade também almeja enroscar-se seriamente com um rapaz boa pinta. Ela não compra a ideia do príncipe encantado, muito menos que essa resenha melosa possa durar a vida toda.

Procura em um parceiro que seja mais que uma boa companhia para chegar as festas de família, casamentos e cinema aos domingos a tarde. Está em busca de um homem com paciência para ouvi-la e editar seus crônicas chatas que escreve pelas madrugadas a fora antes de mandar ao editor rabugento.

Escova levemente seus cabelos antes de sair para o chá de bebê de Manuella, filha de sua prima caçula. Alias, Juliana parecer ter se saído bem quando se aventurou numa vida a dois com direito a rebento. Calça as sandálias de plataforma e maquia-se convicta de que não vai sair de casa bonita só para chamar a atenção do sexo oposto.




Faz isso por ela mesma, como se o melhor cliente a satisfazer fosse sua própria alma e autoestima. Demorou um bocado para aprender a valorizar-se. Mas em pouco tempo as transformações interiores de Mariana foram nítidas e eficazes. Sem dúvida, isso se refletiu na maneira de agir, olhar e se comunicar com o mundo.

Teve que quebrar o orgulho e começar a ler um livro de autoajuda que lhe caiu como uma luva. Até mesmo a salvou de um grande abismo pessoal. Passou a encarar com firmeza todos a sua volta. Aprendeu a tomar decisões rápidas, comer menos doce e malhar quatro vezes mais. Hoje não vive sem  trotar por 20 minutos  aos finais de semana e  por incrível que pareça, escolheu o altruísmo como estilo de vida.

Doa seu tempo a escutar e aconselhar os pobres de espírito, os desvalidos, os sem aposentadoria e todos aqueles que precisam de um ouvido amigo. Faz sua vida levar um curso prazeroso sem culpar-se pelo que deveria ter sido, dito, feito, pronunciado. Sabe que, mais cedo ou mais tarde, vai esbarrar em um cara igualmente bem resolvido. Daí então a vida a dois será só mais agradável diante do mundo que ela mesma construiu.

 





quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Pessoas não são pets



sentimentos não são recicláveis como simples garrafas

Num relacionamento, tanto o homem quanto a mulher, sem que eles queiram, vão pisar na bola de um jeito ou de outro. Ou deixando de passear aos domingos- o que faziam quando solteiros- para assistir ao futebol na TV, ou até mesmo a mulher que depois de décadas de casada não prioriza mais o visual e toma para sí mais refrigerante e alguns quilos.

Parceiros, namorados, casos e conjugues desapontam mutuamente.  O  mais interessante nisso tudo é perceber que a chave para que a história dos dois dure bastante é, geralmente, a parcimônia em acreditar que o outro pode como  um futuro mais que imperfeito mudar um pouquinho e se adequar aos nossos caprichos.

Sujeitar-se cegamente as expectativas de uma pessoa é um dos piores equívocos que um ser humano autoconfiante consegue cometer. E mesmo que isso aconteça frequentemente, o que salva a nossa pele são as nossas virtudes de inconstância e leviandades temporárias que justificam nossos deslizes.

Já quando essas decepções rolam no meio de uma amizade de longa data, as consequências podem durar anos e quem sabe até refletir pela vida inteira. Numa ideia metaforicamente lúdica,  o tempo que uma garrafa demora para se decompor, pode ser a média de tempo que levamos para reconquistar nossa confiança na vida de alguém que consideramos depois de uma decepção dolorosa. Sem contar que leva o dobro do tempo.



Para entender melhor, faça um teste ao amassar uma delas. Ela ainda continuará útil, mas com marcas e arranhões.  A sensibilidade e particularidade de um amigo fiel daqueles que te dá além da roupa do corpo é a mesma coisa. Ele pode até te encarar, mas com certeza não será mais uma relação bilateral de certeza e intimidade.

Algumas pessoas que conheço perderam vínculos de convivência maravilhosos porque não foram sinceras, agradáveis e recíprocas enquanto puderam. Elas poderiam não levar o título de pessoas que jogam "lenha na fogueira", mas optaram pelo receio  da sinceridade e desabafaram os podres para quem não teve nada a ver com a história.

 Muitas delas depois de longos períodos ainda queixam-se de não dormirem direito por causa do remorso.  Outras, após conversas intermináveis, causticantes e ressentidas,  dificilmente reconquistam o respeito porque o elo de carinho e consideração foi quebrado num momento de fúria passageira.

Por mais que se intitulem incontáveis pedidos de perdão protocolados no cartório divino, veiculados por reflexões e orações que duraram uma madrugada inteira, apagar a desilusão do coração de um deles é tarefa de autoridades celestiais, e olhe lá. Confiança e apreço ao contrário do frasco de plástico, definitivamente não são recicláveis.