quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Nossas regras, nosso engano.



e a felicidade que encontramos na contramão





Não comer muita massa, deixar de fumar e ingerir  álcool em excesso  fazem parte do discurso da saúde do corpo. Esperar que ele ligue no dia seguinte e não avançar sinais também podem ser cautelas ou parte de uma precaução feminista.

Quanto mais alimentamos regras e padrões,  mais a nossa alma se afunda nas formalidades que nos são empostas. Por dentro e mais ainda por fora temos a obrigação de parecermos éticos, céticos e independentes. 
E é bem aí que começam as angústias.  Trancamos as portas do desejos e impulsividades em nome da boa forma e da passividade em sermos solteiros. E nem sempre isso é sinôninmo de tranquilidade. Nem todo mundo encara as posições sociais da mesma forma.

Alguns driblam o desespero na cerveja ou no cartão de crédito sem limite. Se não acham conforto, pelo menos passam um bom tempo procurando. Outros, ou a maioria de nós somos acostumados com a ideia de viver para encontrar uma pessoa que nos escute e nos sucumba em carícias intermináveis.

Tenho uma amiga que já passou da fase de se sentir sozinha. A solteirice para ela é sinal de bem estar e segurança. Ela parece feliz em sua própria companhia. No auge dos seus 36 anos já tem casa própria, viaja quando quer e recebe os amigos em casa praticamente todos os dias. Nem tem tempo de se sentir abandonada. E não se atordoa se comeu macarrão demais. Ela, ao contrário de muitos, busca ficar em silêncio.

Quem se frusta com facilidade é porque ainda não aprendeu a enxergar e aproveitar a própria existência. Raramente curtem as fases mais particulares e intensas. Tudo isso porque aprendemos a depender  do resultado de afeto do outro. E isso é preocupante.
 Se gostamos de alguém geralmente movemos tudo a nossa volta para que a pessoa que a gente gosta perceba tudo. Nos envolvemos tanto na relação a ponto de perdemos os próprios horizontes. Ivan Martins já escreveu sobre a presença de um parceiro e caos que isso gera quanto mais o conhecemos.
Acredito que dá para ser feliz em todas as fases. Comendo demais, bebendo de menos e quase não lembrando de acordar cedo e ir caminhar. Namorando e seguindo de mãos dadas à livraria ou na melhor companhia de sí mesmo ao abrir o vinho no começo da noite.
O conforto da existencialidade nem sempre está ligado à um relacionamento. Poderiamos, antes de nos afogar no mar turbulento das declarações de amor, perceber quem somos em diversas situações. E entender que o êxito da vida geralmente trânsita na contramão, e em oculto.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Muitos de ninguém

e ficamos cada vez mais sozinhos

http://artedabipolaridade.arteblog.com.br/757853/Sozinho-na-Multidao/





Reuniões semanais com o chefe, com o síndico no condomínio, as aulas de pilates e os almoços de domingo na casa da avó nos deixam com a sensação de que somos muito importantes. Exercemos em cada grupo um papel social diferente que traz a ideia de que nossa presença é sumariamente indispensável.

Podemos em parte representar a ausência de uma figura especial na vida de alguém. Ora como mãe, namorada, irmã mais velha, prima e dificilmente bem aceita em São Paulo, como vizinha gente fina que empresta uma xícara de açucar ou a caixa de fósforo.

 Homens, mulheres, casados e de relacionamentos indecisos estão rodeados por afazeres e tarefas dispendiosas que ditam a vida pública mais do que inútil às vezes; viver para todos e ao mesmo tempo sem um momento para sí.

Eles e as situações estão por toda a parte nos dizendo o que é melhor; como ganhar mais dinheiro, economizar para passar um tempo fora do país; educar as crianças manhosas de três anos, trocar o carro e quitar as parcelas do seguro; prevenir o diabeter e driblar a vontade estúpida de ingerir massas e doces.

Sentenciam, paulatinamente as dores, derrotas e êxitos do cotidiano e das oscilações do ego. Não perdoam deslizes e aplaudem conveniências. Participam com a gente dos melhores jantares de negócios, aliam-se nas causas de dúbio interesse e comemoram seu aniversário com bolo confeitado de padaria no seu setor de trabalho.

E quando as portas da apartamento se abrem, te lembram que depois das seis da tarde o vazio toma conta do estômago, do freezer, e da alma. O único barulho que se ouve é do relógio da cozinha  e da torneira que não foi fechada antes de pegar no sono.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Gosto, mas não ligo

a aversão dos homens pelo telefone

Aperte o botão "Like" do face a garota que já morreu de ansiedade e varou noite em claro esperando o bofe ligar. Ou ainda mendingou atenção pelas mensagens que ele não respondeu. Quem sofre desta vã expectativa é porque ainda não entendeu  a relação dos homens com o aparelho de autoria de Graham Bell.

Ivan Martins, colunista da Revista Época, escreveu esta semana sobre como eles observam os impulsos de desejo e sentimento. Fica quase clara em "Os rios dentro de nós" a dificuldade ou tranquilidade que o time da testosterona tem ao encarar o contato direto. Quando o cara está apaixonadíssimo, seus sentidos aguçam a procurar a garota e consumi-la em gênero, número e grau.

Pode ser que o resultado das noites enlouquecedoras de prazer. Seja um casinho ou relacionamento duradouro que envolva telefonemas, emails e mensagens ao longo do dia. Se isso for passageiro, resta o sentimento. Aquela sensação de apreço, carinho e saudade, mas que não motiva o parceiro a ligar e estar perto daquela mulher todos os dias.



Seja algo dado por Deus, a impressão que dá é que o coração deles parace ser dividido em gavetas, das quais guardam e dispensam cada impulso separadamente e com a maior parcimônia possivel.

Se você o impactou no primeiro encontro ou nas primórdias tardes a dois, tudo indica que ele fará do celular o segundo item que não esquecerá antes de sair de casa, depois de escovar os dentes, claro. Caso contrário, algo não deu tão certo e não cabe a você se martirizar se isso não rolar.

Há ainda aqueles que guardarão para sí as frágeis impressões do gênesis do caso afetivo e passarão um bom tempo sem manter contato realizando um estudo de caso isolado que envolva o próprio afeto e a postura dela. Fato é que eles não sentem a mesma necessidade que nós em despejar a vida pelo telefone.

Então nem é bom gastar as energias psiquicas para mensurar a imagem que você poderá ter na mente  e no coração dele. Deixe o tempo, maior aliado do amor, sentenciá-los.

domingo, 4 de novembro de 2012

Confiando no acaso



perdemos a chance de ver surpresas

Depois de uma terça feira cheia de relatórios e telefonemas dispendiosos, muitos de nós que procuram certas independências domésticas, sobrecarregamos a noite com tarefas árduas.

Passando as roupas sociais das reuniões demoradas, lavando as meias calças e organizando a fileira de cosméticos e fazendo as marmitas saudáveis do dia seguinte. Falta tempo até de pensar em esbarrar num amor bandido pelas esquinas dos corações esquecidos.

E é pensando assim que Eber vive há mais de oito anos. De casa para o trabalho, não leva nem três minutos para atravessar a rua e se enfurnar atrás da tela do computador e das planilhas de Excel.

Tem um emprego bacana, bem visado e compensador. Só não conseguiu em todo esse tempo achar um sentido e responder a sí mesmo porque trabalha tanto.

Eber é introspectivo, metódico, metrossexual , articulado e gente fina. Mas se ele é tudo isso junto, porque ainda reclama da solidão?


Os amigos reparam e  preocupam-se. Já tentaram de tudo para ver se Eber se arranja de vez com uma mulher. Facebook, speed dating e até correio elegante das festas juninas que ele frequenta quando visita os pais no interior de S. Paulo.

Já acreditou nos encontros marcados e nas garotas amigas dos amigos da firma. Depositou tempo, dinheiro e confiança nas meninas que viram no seu cargo na empresa uma saída para mudar de vida e sair do aperto. 

Passou em mãos gananciosas o cheque em branco dos seus sentimentos. Perdeu-se amargamente nos labirintos solitários da alma e por isso, limita-se a conhecer gente nova.

Para o moço por enquanto, o acaso serve de desculpa para se meter sem compromisso nos braços de uma donzela. E as percepções do amor perdem solidez quando conhece Catarina.

Tudo o que sabia sobre as mulheres diluiu-se em questão de dias enquanto trocava emails com ela. Pela primeira, e talvez a única, Eber desprendeu-se das referências antigas sobre garotas e percebeu a transparência e segurança da jovem de 28 anos.

Que ela poderia lhe trazer a felicidade sem culpas,  sem cobranças e apontamentos. Esta é a parte lúdica da vida de Eber. Descobriu destraido que podia amar de novo.

 

 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Verdades tardias


e a sinceridade infeliz

Errar é humano e cometer o mesmo erro duas vezes passa de burrice. Costumo chamar até de teimosia ignorante absurda no grau 5,  que para a medicina representa o estado crítico de alguma doença.

E por falar em ciência e mazela, se algum psquiatra ler este texto vai mensurar que além de um grande arrependimento, o autor sofre do que ele próprio intitula de consciência retardada, ou seja, cair na real do fato depois de ter bagunçado o coreto de muitos corações cheios de sentimentos.

É comum do ser humano olhar primeiro para sí e realizar o que der na telha sem pensar no próximo.
Quem fala sobre isso com conhecimento de causa é o apóstolo Paulo. Transparente, ríspido e cristão, o mensageiro descreve em suas dissertações que o bem que quer fazer não o faz, e o mal que não quer esse o acaba por fazer.

Infelizmente dependendo de quem for o seu próximo, isso pode lhe custar a confiança e a consideração de uma amizade de mais de uma década, por exemplo. O que pela rotina demorou anos para se construir e cultivar, desaparece em segundos de fúria e egoismo.




 Por mais que não haja o intuito de ferir alguém, o princípio ativo da ação foi a raiz de individualismo que resultou no conflito. E se nem o ditado popular sobrevive bem com as águas passadas que não movem os moinhos, que dirá quem recebeu o desprezo e a traição. Por certo não confiará como antes e nada do que faça para reverter a situação compensará o estrago.

Considerações e elos de apreço por uma pessoa devem ser mantidos na redoma mais sublime da nossa essência e junto ao nosso caráter. Acreditar no coração, na maioria das vezes, pode dar errado porque como diz em Provérbios, ele é enganoso.


Mas arrepender-se não é para qualquer um. É para quem sonha em reconstruir  uma fraternidade depois de um terremoto deveras turbulento. E que o recomeço não faça mais parte do vocabulário dos retardados conscientes.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Ele não está a fim de você

Ela estava na lanchonete quando resolveu ligar. Rodrigo atendeu e já foi cobrado por ela. Por que não a telefonou na quinta, sexta e no final de semana. Para Michele, nenhum compromisso é tão importante quanto uma ligação.

De sombra azul turquesa, rímel forte e muita apetite, a mulata robusta, de tanta raiva, não sabia se devorava o sanduíche ou o celular. Enquanto isso, Rodrigo, por telefone, acabava de entrar num inquérito com direito a plateia.

Ele tinha ido à igreja, ensaiou com o coral, e não lembrou de dar atenção para a morena impaciente. Deu a desculpa que o cachorro estava doente, que foi levar a avó ao hospital depois do compromisso sacro mas não teve coragem de dizer que não estava mais a fim.

Também completou 28 anos em setembro. Deve ter feito uma festa. E daquelas com direito a café da manhã no dia seguinte. Chamou os vizinhos, os garotos do colegial, tios distantes mas Michele não estava na lista.



Ela não era especial para ele. Pode ser porque se conheceram numa dessas noites atordoadas em que os jovens saem à procura de não se sabe o que, e acordam ao lado das pessoas mais perdidas possíveis.

E a morena "Queen Latifa", de lábios salientes, rosados e cheios de catchup, demorou se dar conta de que perdia tempo com ressentimentos antiquados. Rodrigo disse que estava no trânsito, entraria num túnel e que a ligação iria cair.

 Michele ainda se pergunta o que há de errado com os homens.  Deve ser por que ela não saiba o que queria encontrar nele. E Rodrigo, como muitos, não soube responder a tempo.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Renatos são anjos

 



Tivera  a sorte de conhecer dois Renatos. Cada qual épocas distintas e que a socorreu na hora certa. O primeiro deles e mais marcante foi naquele curso  de arquitetura e urbanismo, depois da faculdade de engenharia.

Com este aprendeu a dar valor nas mínimas coisas boas da vida. O sorvete calórico no fim da tarde e a pizza no final de semana. Enquanto ao lado dele os pontos da dieta só serviam para somar alegria e contentamento. Conversavam muito, brigavam quase nada e beijavam-se intensamente nos intervalos das aulas.
 
Elisa tinha a certeza de que não havia encontrado até a primavera de 2006 uma pessoa tão paciente e segura de si. O primeiro Renato, que logo se distanciou dela por motivos de idade e força maior, mostrou para a donzela que ela era capaz até do que ela nem imaginava.

Em 2012, numa atordoada quinta-feira de setembro, quando Elisa desapercebeu-se do volante e atropelou um veículo, um Renato também veio socorrê-la. Este assistiu tudo de longe e sem que ela o conhecesse, a justificou.
 
 

Elisa acredita em anjos. Não só aqueles que ficam pendurados nas árvores de Natal ou que fazem parte de um oratório cristão. Os que ela confia e percebe estão por toda a parte, quando a ajudam a sair de alguma enrascada ou lhe trazem presente silenciosos para a alma.

Este que tem por significado de nome serem renascidos, na opinião de Elisa, estão prontos para lhe ensinarem recomeço, justiça e amor  próprio. Vieram para cumprir uma missão terrena de proporcionar aos perdidos o caminho do equilíbrio espiritual.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Certezas de Mariana



A jovem paulistana, não diferente do clichê vivido por muitas da sua idade também almeja enroscar-se seriamente com um rapaz boa pinta. Ela não compra a ideia do príncipe encantado, muito menos que essa resenha melosa possa durar a vida toda.

Procura em um parceiro que seja mais que uma boa companhia para chegar as festas de família, casamentos e cinema aos domingos a tarde. Está em busca de um homem com paciência para ouvi-la e editar seus crônicas chatas que escreve pelas madrugadas a fora antes de mandar ao editor rabugento.

Escova levemente seus cabelos antes de sair para o chá de bebê de Manuella, filha de sua prima caçula. Alias, Juliana parecer ter se saído bem quando se aventurou numa vida a dois com direito a rebento. Calça as sandálias de plataforma e maquia-se convicta de que não vai sair de casa bonita só para chamar a atenção do sexo oposto.




Faz isso por ela mesma, como se o melhor cliente a satisfazer fosse sua própria alma e autoestima. Demorou um bocado para aprender a valorizar-se. Mas em pouco tempo as transformações interiores de Mariana foram nítidas e eficazes. Sem dúvida, isso se refletiu na maneira de agir, olhar e se comunicar com o mundo.

Teve que quebrar o orgulho e começar a ler um livro de autoajuda que lhe caiu como uma luva. Até mesmo a salvou de um grande abismo pessoal. Passou a encarar com firmeza todos a sua volta. Aprendeu a tomar decisões rápidas, comer menos doce e malhar quatro vezes mais. Hoje não vive sem  trotar por 20 minutos  aos finais de semana e  por incrível que pareça, escolheu o altruísmo como estilo de vida.

Doa seu tempo a escutar e aconselhar os pobres de espírito, os desvalidos, os sem aposentadoria e todos aqueles que precisam de um ouvido amigo. Faz sua vida levar um curso prazeroso sem culpar-se pelo que deveria ter sido, dito, feito, pronunciado. Sabe que, mais cedo ou mais tarde, vai esbarrar em um cara igualmente bem resolvido. Daí então a vida a dois será só mais agradável diante do mundo que ela mesma construiu.

 





quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Pessoas não são pets



sentimentos não são recicláveis como simples garrafas

Num relacionamento, tanto o homem quanto a mulher, sem que eles queiram, vão pisar na bola de um jeito ou de outro. Ou deixando de passear aos domingos- o que faziam quando solteiros- para assistir ao futebol na TV, ou até mesmo a mulher que depois de décadas de casada não prioriza mais o visual e toma para sí mais refrigerante e alguns quilos.

Parceiros, namorados, casos e conjugues desapontam mutuamente.  O  mais interessante nisso tudo é perceber que a chave para que a história dos dois dure bastante é, geralmente, a parcimônia em acreditar que o outro pode como  um futuro mais que imperfeito mudar um pouquinho e se adequar aos nossos caprichos.

Sujeitar-se cegamente as expectativas de uma pessoa é um dos piores equívocos que um ser humano autoconfiante consegue cometer. E mesmo que isso aconteça frequentemente, o que salva a nossa pele são as nossas virtudes de inconstância e leviandades temporárias que justificam nossos deslizes.

Já quando essas decepções rolam no meio de uma amizade de longa data, as consequências podem durar anos e quem sabe até refletir pela vida inteira. Numa ideia metaforicamente lúdica,  o tempo que uma garrafa demora para se decompor, pode ser a média de tempo que levamos para reconquistar nossa confiança na vida de alguém que consideramos depois de uma decepção dolorosa. Sem contar que leva o dobro do tempo.



Para entender melhor, faça um teste ao amassar uma delas. Ela ainda continuará útil, mas com marcas e arranhões.  A sensibilidade e particularidade de um amigo fiel daqueles que te dá além da roupa do corpo é a mesma coisa. Ele pode até te encarar, mas com certeza não será mais uma relação bilateral de certeza e intimidade.

Algumas pessoas que conheço perderam vínculos de convivência maravilhosos porque não foram sinceras, agradáveis e recíprocas enquanto puderam. Elas poderiam não levar o título de pessoas que jogam "lenha na fogueira", mas optaram pelo receio  da sinceridade e desabafaram os podres para quem não teve nada a ver com a história.

 Muitas delas depois de longos períodos ainda queixam-se de não dormirem direito por causa do remorso.  Outras, após conversas intermináveis, causticantes e ressentidas,  dificilmente reconquistam o respeito porque o elo de carinho e consideração foi quebrado num momento de fúria passageira.

Por mais que se intitulem incontáveis pedidos de perdão protocolados no cartório divino, veiculados por reflexões e orações que duraram uma madrugada inteira, apagar a desilusão do coração de um deles é tarefa de autoridades celestiais, e olhe lá. Confiança e apreço ao contrário do frasco de plástico, definitivamente não são recicláveis.

 

 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Looking for Cinderella


 Looking for Cinderella

At the Saturday morning, Evan dressing up fitness clothes to getting around trails by bike. Even his friends says Evan is such metrosexual guy, he doesn´t forget to spread a sunscreen before extreme events.
Money never was a problem, but the solution. His payments as automotive engineering design always afford all kind of his expectations. Was breeding wishing achieve everything he saw. Any momment at his life, knew starvation, poverty or lack of budget to buy a new pencil to use at primary school, like some boys of neighboring district used to know.



During his childhood, ever had the bests games and nohow gave up to choose wallet, backpack and sneakers of the most expensive. Fast foods always followed him at lunch and never willing eat something.

To 18, gas never fault at his car as friend inside. Gained a car of the year to can go wherever want.  Evan also defray expensive dinners for their partners and girls aspiring to a good relationship. However, until then Evan had not found someone responsible for sentimental dreaminess.

While teeanger, on vacation, had already traveled seeking a girl whose rule his dreams and the most perverts extincts males. In this purpose, met Karina, Lisa, Layla. They could give what he wanted. Each in their own time and pace. But unfortunately the girls pulled the boy´s heart the most beautiful hopes of requited love.

With 33 already got successful in reconciling his career, traveling inland to visit his parents and looking for a sweet, romantic and inexist girl like Cinderella. In fact, gave more value sport´s adrenaline than the heart. Emotional wounds said to Evan hiding them, was the best thing to do.
When lying on the bed he bought as prophecy of a future with a virtuous woman, the engineer starts to building own model life with a young girl with light blond hair  which rang once.



His soul´s intuition that woman can take it to station of happiness to both. One day, when he least expect, his premonition´s love take place against a good meeting, probably with a girl which heard once.








segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Tumores das cidades


Poluição do ar e stress no trânsito matam 4 mil pessoas por ano no país
texto e foto Ingrid Araújo

O livro “Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles”,  coordenado pelo Dr. e  Prof. Paulo Saldiva, Chefe do Departamento de Patologia da USP , reúne pesquisas sobre o impacto da poluição atmosférica no meio ambiente e o stress do trânsito na saúde do cidadão principalmente  em S. Paulo, onde se localiza a maior frota de veículos do Brasil.

Segundo a pesquisa descrita na obra que foi apresentada no ciclo de debates promovido pelo Detran SP, 90% da poluição atmosférica da cidade provém de veículos, dos quais 40% são representados por caminhões e carretas. Ainda que com um aspecto silencioso, o ar poluído, de acordo com o pesquisador, é o causador de aproximadamente 4 mil mortes por ano no país.


Para ilustrar a atrocidade, Saldiva citou um estudo europeu que constata que o aumento da combinação dos gases metano, C02 e ozônio na atmosfera até o ano de 2050, pode matar 5 milhões e meio de pessoas  vítimas de doenças respiratórias. Estatística esta que ultrapassa o número de mortos por AIDS.

O estudo apontou que se houver a redução da poluição em 10%, ao longo de 20 anos o número de mortes pode cair para 120 mil. Um caso abordado na Revista Médica  analisou a  perspectiva de 55 cidades dos EUA. Nelas, percebeu-se que quanto maior o índice de poluição do ar, menor era a expectativa de vida.

SAÚDE

Para o pesquisador, cidades são consideradas como organismos vivos, pois abrigam o maior número de doenças múltiplas, entre elas a febre, Alzheimer, hipertensão  e obesidade. “ O indivíduo obeso, por exemplo, não a contraiu por herança genética, mas porque absorveu costumes  doentios do cotidiano ao longo do tempo.



Os adolescentes que passam a maior parte do tempo em casa consomem mais alimentos ricos em açúcar refinado e gordura saturada, pois são comidas de fácil preparo. “Preferem jogar interagir com um computador ao sair, pedalar pela cidade e gastar em uma hora, aproximadamente 350  caloriAs”, relata Saldiva.

TRÂNSITO

O trânsito das grandes cidades também é citado como precursor do stress e das doenças cardiovasculares. De acordo com pesquisador,  a pressão arterial do indivíduo dentro de um carro aumenta 15%. Dados do Ministério da Saúde revelam que a hipertensão, somada a obesidade e sedentarismo  resultam em 29,4% mortes por infarto por ano.

Saldiva confessa que tomar banho de canequinha no escuro é um discurso ambiental que daqui há 50 ano só beneficiaria os ursos polares. Entretanto, para o patologista a solução dos percalços pode se iniciar com um vínculo entre a política, economia e a ciência como base do conhecimento para implantação dos projetos que  repensem em redução de gases tóxicos, mobilidade no trânsito, e  a forma de organizar a cidade.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

O casal antítese

entre pagode e o rock n´roll, o amor pela natureza os une

Brenda é apaixonada pelos Backstreet Boys desde os 9 anos e não perde nenhum show da boyband quando eles vem à São Paulo. Também não abre mão de um pagode de boteco e o bom samba de raiz de Lecy Brandão e Bezerra da Silva.


Bezerra da Silva

Era apaixonada por música, dança e acampamentos no mês de julho. Sempre teve forte ligação ao gostar de mato e insetos indefesos. Por certo, foi assim que escolheu o curso de biologia, que a fazia, aos 21, uma mulher mais zen, equilibrada e humanista.


Backstreet boys



Costumava apreciar quadrúpedes, mamíferos aves e répteis. Aliás, sempre tirava nota máxima no colégio quando em ciências o assunto era o Reino Monera e as mitocôndrias. E numa dessas trilhas ecológicas em Paraty, num intenso contato com as herbáceas inusitadas e camélias exóticas o destino lhe deu Paulo de presente.



Geek, fã de Dream Theater e jogador nato de Metal Gear Solid na puberdade, Paulo não fazia o tipo de simpatizante do Greenpeace nem das causas protencionistas para salvar os ursos polares no ártico, vitimas do aquecimento global.



Dream Theater

Um dia, já de saco cheio do mesmo programa do final de semana que se resumia em cerveja, Wii e filmes de sacanagem, ele aceita um convite de um amigo para um final de semana naquela prainha tranquila e habitada por burgueses cariocas nas altas temporadas.


Wii

Paraty não parecia oferecer adrenalina alguma a não ser nos passeios de lancha, os quais os paulistanos não estavam dispostos a pagar. Até o amigo de Paulo programar um trilhazinha de duas horas e meia de caminhada que lhe rendeu conhecer uma bióloga e corinthiana roxa.


Trilha
Brenda, de uma delicadeza típica de gêmeos, explicava a Paulo a metamorfose das borboletas, as quais ele só enxergava ao longe, sempre da janela do quarto e sentado em frente ao desktop. Acabou por submeter-se aos encantos da complexidade do reino vegetal, animal e fungi a partir das aulinhas dela.


Fungi


Começaram um namoro durante as férias. Brenda dividia a agenda entre as visitas ao instituto Butantã, o emprego de suporte técnica e os encontros com Paulo pelas livrarias, quando ele sismava em comprar boa parte dos lançamentos de HQ´s do mês.


Couple




 Apreciavam a natureza juntos. Os longos passeios ecológicos de Paulo ao lado de Brenda lhe renderam mais apreço com mamíferos e convivência amigável com animais domésticos. Até aprendeu a lidar com iguanas e chincilas. Ela passou a entender de arranjos no meio dos rocks ensurdecedores, e a diferença medíocre e quase imperceptível entre metal e new metal.



A história deles é uma verdadeira antítese. Numa mesma ideia em que se encontram os sentimentos verdadeiros de carinho, compreensão e amor pela natureza, existem as ideias opostas com nome de pagode, e Rock n´ roll. Em meio ao contraste de gostos e estilos de vida, a frase arrebatadora ainda é "eu te amo" entre folhas, orvalho da manhã e Whitesnake no Iphone de Paulo.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Quando a pauta cai

e o repórter ainda sorri

Ele está lá. Sentado, não sei por que cargas dágua, no fundo do auditório para cobrir a reunião entre sindicalistas e o governo. Poderia sentar-se na primeira fileira, assim era mais fácil captar o melhor ângulo para a boa foto da newsletter.

Não consegue escolher o foco entre manual ou automático, manual e ainda tem que prestar atenção na descrição dos slides. Um verdadeiro apavoro. Tem que fazer o papel de fotógrafo, reporter e assessor de imprensa ao mesmo tempo.






Daí ele corre para o escritório, ou para casa mesmo se o freela for remoto, e começa a suitar quatro tipos de machete e linha fina diferentes. Fica numa neura terrível tentando não repetir sinônimos.

Vida dura é de aspirante a comunicador. Ainda mais quando o seu cliente te manda cobrir um evento em que voce tem que ser três em um. O bloquinho de anotação? Nem se fala! Frases imcompletas escritas à letra de médico. Sobra para ele mesmo depois na hora de transcrever, pedir ajuda da psicografia do santo Gutemberg para decifrar a declaração da fonte.






Percebe que a as aspas que escreveu naquele caderninho espiral está ilegível. Para contribuir, o áudio do gravador está péssimo. E então o que ele faz? Pede para a assessoria a ata da reunião para ver se fica mais seguro.

Tudo não passa de insegurança de reporter inexperiente. Mas até ai tudo bem. Depois de três horas que gastou para escrever uma lauda e meia, manda para o editor que rebate seus argumentos de uma boa matéria com a seguinte informação infeliz: Surgiu uma pauta urgente sobre uma nova declaração de alguma fonte mais importante da que você entrevistou.




E então a puta pauta que te deixou puto, nervoso e descabelado em todo o processo de apuração,  ao invés de só cair, desmorona sem deixar vestígios. Mas só tesão em atazanar o entrevistado com perguntas que nem sempre ele está a fim de responder, constuir um lead engomadinho, iguais àqueles que aprendeu com o professor gente fina na faculdade, já valeu a pena. Tá vendo como jornalista, além não ganhar quase nada se contenta com pouco?

segunda-feira, 11 de junho de 2012

As formas do não


e os diferentes tipos de pé na bunda

O fatídico 12 de junho não só aquece o varejo como também os corações apaixonados. Os motéis, chocolaterias e restaurantes engordam o faturamento com as ansiedades dos afoitos em presentear suas almas gêmeas.



Os shoppings então, nem se fala! Anunciam promoções absurdamente mesquinhas para o cliente cego de amor gastar R$200 em troca receber um par de canecas em formato de coração.


Que amar é uma delícia e ter um cobertor de orelhas é melhor ainda, disso  eu não discordo. E como vivem então os avulsos que degustam o “chicabom da solidão”, feito os solitários das crônicas do meu amigo jornalista boêmio Xico Sá?




Muitas vezes os “sozinhos e decididos” dão vazão ao vilão da conta bancária. Saem como loucos compulsivos e compram livros, sapatos e roupas que provavelmente nunca usarão. Consomem na tentativa de amenizar a solidão ou o absorver o impacto que receberam na região coccígea. No português claro, esquecer que levaram um pé na bunda.


Interessante é observar os diferentes tipos de fim de relações permanentes ou provisórias. Homens, práticos e objetivos, costumam dar o veredito por sms ou por recados pelas redes sociais. Quando muito habilidosos nas palavras, ligam para dizer que não estão mais a fim. E só.


É cruel, mas é bem menos sofrido do que a maioria das mulheres fazem. Marcam conversas dolorosas, e nelas ressuscitam momentos românticos homéricos cheios de saudosismo na tentativa de reaver as escolhas sentimentais para não cair na real do desdém.




Uma amiga, daquelas extremamente sensíveis e delicadas, respondeu o “eu te amo” do rapaz dizendo que ele também era muito simpático. Quer um fora mais gentil que esse?


Há os que ainda se telefonam num tom de conversa amigável. Falam sobre as distintas profissões, perguntam dos amigos em comum, porém despedem-se com “boa noite”. E geralmente não dura muito. É uma declaração implícita de desinteresse. O outro já não o aspira desejo nem saudade. Até o dia em que um deles hesita em atender.


Não ser mais a pessoa importante da vida de alguém de uma hora para outra, assusta. Fato é que nunca estamos preparados para isso. E para aliviar o impacto desse ponta pé, nada mais supremo que o amor próprio que gratifica e exalta o melhor da sua existência.




segunda-feira, 4 de junho de 2012

Te espero na saída



Graziela, durante a adolescência, suportou muito bem o “cabresto “ comportamental. Estudava muito para o vestibular, quase não assistia televisão, mal usava a internet e batia cartão nas reuniões de moços cristãos da vila Leopoldina.





Conhecia boa parte dos garotos sensatos e engomadinhos de gel no cabelo e de linguagem plácida. Todos integrantes de uma associação caridosa que distribuía roupa e comida aos carentes.


Com pelo menos um deles, Juvenal, o pai de Graziela, gostaria que ela firmasse casamento. Mesmo assim, a paulistana hesitava boa parte dos convites deles para um sorvete ou algo a mais.




Graziela,ainda muito jovem e temente à religiosidade que lhe foi dada como herança pela família catedrática, cometeu um dos crimes inafiançáveis ao conceitos paternos: envolveu-se com um moço da zona leste, ateu, mais velho e mais pobre que ela.

 E quando Juvenal nem dona Emiliana já não metiam o bedelho nas decisões emocionais dos 25 anos dela, isso lhe soou como liberdade. Conheceu Cesar numa reunião de amigos quando já estava na faculdade.



 Moça e não bulida, procurava aventuras libidinosas com o rapaz que estava disposto a ensinar as boas coisas da vida, entre elas, as carícias escondidas. Com ele viveu os maiores absurdos apaixonantes que uma mulher desejaria.




Ainda que fosse extremamente atencioso e pronto a ouvir as dúvidas de Graziela, Cesar não estava preocupado em frequentar as reuniões cristãs da qual a jovem de cabelos escuros e cacheados fazia parte. Pelas tardes de domingo, enquanto ela ia aos encontros religiosos, Cesar assistia aos jogos do Corinthians. Quando muito se fazia intelectual, lia títulos de Augusto Cury.




Jamais cedeu aos convites da para conscientizar-se da mesma fé. Tinha certeza de que ainda a amava, mas não o bastante para acompanhá-la porta à dentro. Revestia-se da espiritualidade oposta, mas não compartilhava das mesmas teorias de Graziela.
































quarta-feira, 23 de maio de 2012

A festa que à prometeu

não passou de sandices da memória dela



Aconteceu depois de um ano, logo depois que deixaram de se ver. Enquanto carícias e contas a pagar fizeram parte do cotidiano do casal, os sonhos particulares de Larissa não deixaram de ser somente dela.


Mood, Smiley, Sun, Woman, Celebrity, Blond


Gostaria muito de ganhar uma festa surpresa de aniversário. Daquelas que mesmo que a intuição feminina desconfie dos preparativos, o surto das emoções faz jorrar diques de lágrimas dos olhos de uma moça.


Entretanto não poderia esperar com tanta fé que isso viria do namorado. Luciano não era do time dos amantes boêmios. Daqueles que encheria de flores o quarto de Larissa e o celular de mensagens libidinosas e apaixonantes.


Isso também fazia parte. Mas nem sempre, porque ele era do tipo paizão. Com quase quatro décadas de vida, aconselhava a jovem de 20 sobre a escolha da faculdade e que tipo de roupa seria legal que Larissa vestisse para o jantar de outono.

De uma passividade enorme, Luciano ouvia Larissa ao telefone por longas horas e esperava ela ter a consciência dos próprios erros e atos, sem que precisasse proferir sermões e provérbios causticantes. E ela gostava disso.


Ainda assim, Luciano empenhou-se em preparar os mínimos detalhes. Escreveu à mão- e com a letra mais pedagógica possível- os bilhetinhos com mensagens que serviriam de pista para que Larissa chegasse à sala repleta de convidados, copos descartáveis cor de rosa e bexigas de coração. 



Fez cartazes líricos e artesanais com fotos de Larissa quando bebê, aos 9, aos 13 e agora. Convidou a família mais próxima e até os amigos da pós -graduação que cursaram juntos. Os olhos de Larissa, marejados pelo hápice da emoção, transmitiam a satisfação em ter sonho realizado.




O cenário lúdico trazia a sensação completa de que Luciano, após um ano distante, teria se transformado no cara perfeito. Que além de mais maduro e bom de cama, seria sensível a realizar as vontades intimas da jovem loira de pernas grossas.




E as únicas verdades da história de Larissa eram o desejo da surpresa e a serenidade de Luciano. Por que a festa que à prometeu não passou de mais uma alucinação pela madrugada fria. Acordou, como muitas vezes durante o ano, com aquela vontade de voltar para o mesmo sonho e olhá-lo mais uma vez.



terça-feira, 15 de maio de 2012

Adele para poucos

essência da letra mostra outra face da cantora
Dona de oito Grammy Awards e capaz de liderar o ranking das rádios britânicas e até nacionais,  a jovem Adele Adkins consegue transmitir os gritos da alma através de uma voz vigorosa.
O timbre ostensivo parece carregar uma parte do legado musical da finada Amy Whinehouse, pois elas alcançam juntas os tons absolutamente fortes e extensos do blues. A voz de Adele rompe as barreiras de um som romântico e pretende aferir e ostentar as faces amargas dos personagens que passaram pela sua vida.
 “Set fire to the rain” fala de um relacionamento  de um casal com meias verdades, bem presente nas  relações atuais. No caso ele a ludibria com gestos cordiais de um cavalheiro. Pode ter sido ao abrir a porta do carro por muitas vezes; à presentea-la  com perfumes e chocolates finos, mas em nenhum momento compareceu com a sinceridade de levar aquele caso tão a sério a ponto de juntar as escovas de dente, por exemplo.




Ela por outro lado, diz que deixou o coração cair na mão dele. Deve ter depositado boa parte das esperanças no que se chama de cumplicidade recíproca. Ou até mesmo de amor. E foi dolorido ao ver que as tentativas naufragaram quando nos olhos dele não havia sequer uma nuance de verdade.
A britânica deve ter chorado às tantas para escrever uma canção que pudesse dizer com rancores sutis o desprezo que habitou sua alma. E teve mais coragem ainda de atribuir acordes aos espectros dos romances anteriores e materializa-los em forma música.
Atear fogo à chuva significa, metaforicamente, que num surto de impaciência ela apagou a suposta segunda chance ao moço que estava lá na chuva, de rosto molhado.
O passado então virou cinzas na memória. Afinal como ela diz, ele está a espera de outra e ela não tem mais tempo para colocar fogo em brasas já queimadas no coração.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Um olhar de longe


Só espiar vale a pena

Pela rede social Yonara espia a vida de Breno desde que terminaram há sete meses. Mesmo que a fase de fossa espiritual tenha passado- aquela em que comida tem gosto de papel e tudo no mundo é cinza e sem graça- gostava de se imaginar numa segunda chance criada por ela mesma.



Acessa todos os dias na tentativa de achar um status de relacionamento diferente, uma foto recente ou se ele já está com outra. Nada encontrou a não ser comentários levianos sobre o trânsito que ele enfrentava de moto entre as avenidas Cruzeiro do Sul e Teotônio Vilela.



Recordava-se dos momentos sofridos que ele já viveu. Tentava os transcorrer para o papel em forma de contos como se publicá-lo superaria o compadecimento que sentia. Não faria mais nada além disso. Conhecia seus instintos e sabia que se fosse atrás de Breno se machucaria duas vezes mais.




Não colocaria no perfil da rede social algo relacionado ao passado com ele. Atirar indiretas não fazia parte dos seus meros princípios sobre rolos, cachos e meio-relacionamentos não bem resolvidos.



Prefere um olhar de longe. Usufrui do anonimato que a internet lhe dá, pois não era capaz de encara-lo ou mandar mensagens sem ressuscitar as finadas vontades de tê-lo de volta. Para ela, espiar era imensuravelmente uma delícia.



Assim, diante da carência e ansiedade, não precisaria atacar o chocolate.E então a seretonina do amor seria liberada sem culpa porque mais ninguém a não ser Yonara poderia saber que o assistia passiva e sorrateiramente atrás da tela de LCD.