sexta-feira, 6 de julho de 2012

Quando a pauta cai

e o repórter ainda sorri

Ele está lá. Sentado, não sei por que cargas dágua, no fundo do auditório para cobrir a reunião entre sindicalistas e o governo. Poderia sentar-se na primeira fileira, assim era mais fácil captar o melhor ângulo para a boa foto da newsletter.

Não consegue escolher o foco entre manual ou automático, manual e ainda tem que prestar atenção na descrição dos slides. Um verdadeiro apavoro. Tem que fazer o papel de fotógrafo, reporter e assessor de imprensa ao mesmo tempo.






Daí ele corre para o escritório, ou para casa mesmo se o freela for remoto, e começa a suitar quatro tipos de machete e linha fina diferentes. Fica numa neura terrível tentando não repetir sinônimos.

Vida dura é de aspirante a comunicador. Ainda mais quando o seu cliente te manda cobrir um evento em que voce tem que ser três em um. O bloquinho de anotação? Nem se fala! Frases imcompletas escritas à letra de médico. Sobra para ele mesmo depois na hora de transcrever, pedir ajuda da psicografia do santo Gutemberg para decifrar a declaração da fonte.






Percebe que a as aspas que escreveu naquele caderninho espiral está ilegível. Para contribuir, o áudio do gravador está péssimo. E então o que ele faz? Pede para a assessoria a ata da reunião para ver se fica mais seguro.

Tudo não passa de insegurança de reporter inexperiente. Mas até ai tudo bem. Depois de três horas que gastou para escrever uma lauda e meia, manda para o editor que rebate seus argumentos de uma boa matéria com a seguinte informação infeliz: Surgiu uma pauta urgente sobre uma nova declaração de alguma fonte mais importante da que você entrevistou.




E então a puta pauta que te deixou puto, nervoso e descabelado em todo o processo de apuração,  ao invés de só cair, desmorona sem deixar vestígios. Mas só tesão em atazanar o entrevistado com perguntas que nem sempre ele está a fim de responder, constuir um lead engomadinho, iguais àqueles que aprendeu com o professor gente fina na faculdade, já valeu a pena. Tá vendo como jornalista, além não ganhar quase nada se contenta com pouco?

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