quarta-feira, 18 de julho de 2012

O casal antítese

entre pagode e o rock n´roll, o amor pela natureza os une

Brenda é apaixonada pelos Backstreet Boys desde os 9 anos e não perde nenhum show da boyband quando eles vem à São Paulo. Também não abre mão de um pagode de boteco e o bom samba de raiz de Lecy Brandão e Bezerra da Silva.


Bezerra da Silva

Era apaixonada por música, dança e acampamentos no mês de julho. Sempre teve forte ligação ao gostar de mato e insetos indefesos. Por certo, foi assim que escolheu o curso de biologia, que a fazia, aos 21, uma mulher mais zen, equilibrada e humanista.


Backstreet boys



Costumava apreciar quadrúpedes, mamíferos aves e répteis. Aliás, sempre tirava nota máxima no colégio quando em ciências o assunto era o Reino Monera e as mitocôndrias. E numa dessas trilhas ecológicas em Paraty, num intenso contato com as herbáceas inusitadas e camélias exóticas o destino lhe deu Paulo de presente.



Geek, fã de Dream Theater e jogador nato de Metal Gear Solid na puberdade, Paulo não fazia o tipo de simpatizante do Greenpeace nem das causas protencionistas para salvar os ursos polares no ártico, vitimas do aquecimento global.



Dream Theater

Um dia, já de saco cheio do mesmo programa do final de semana que se resumia em cerveja, Wii e filmes de sacanagem, ele aceita um convite de um amigo para um final de semana naquela prainha tranquila e habitada por burgueses cariocas nas altas temporadas.


Wii

Paraty não parecia oferecer adrenalina alguma a não ser nos passeios de lancha, os quais os paulistanos não estavam dispostos a pagar. Até o amigo de Paulo programar um trilhazinha de duas horas e meia de caminhada que lhe rendeu conhecer uma bióloga e corinthiana roxa.


Trilha
Brenda, de uma delicadeza típica de gêmeos, explicava a Paulo a metamorfose das borboletas, as quais ele só enxergava ao longe, sempre da janela do quarto e sentado em frente ao desktop. Acabou por submeter-se aos encantos da complexidade do reino vegetal, animal e fungi a partir das aulinhas dela.


Fungi


Começaram um namoro durante as férias. Brenda dividia a agenda entre as visitas ao instituto Butantã, o emprego de suporte técnica e os encontros com Paulo pelas livrarias, quando ele sismava em comprar boa parte dos lançamentos de HQ´s do mês.


Couple




 Apreciavam a natureza juntos. Os longos passeios ecológicos de Paulo ao lado de Brenda lhe renderam mais apreço com mamíferos e convivência amigável com animais domésticos. Até aprendeu a lidar com iguanas e chincilas. Ela passou a entender de arranjos no meio dos rocks ensurdecedores, e a diferença medíocre e quase imperceptível entre metal e new metal.



A história deles é uma verdadeira antítese. Numa mesma ideia em que se encontram os sentimentos verdadeiros de carinho, compreensão e amor pela natureza, existem as ideias opostas com nome de pagode, e Rock n´ roll. Em meio ao contraste de gostos e estilos de vida, a frase arrebatadora ainda é "eu te amo" entre folhas, orvalho da manhã e Whitesnake no Iphone de Paulo.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Quando a pauta cai

e o repórter ainda sorri

Ele está lá. Sentado, não sei por que cargas dágua, no fundo do auditório para cobrir a reunião entre sindicalistas e o governo. Poderia sentar-se na primeira fileira, assim era mais fácil captar o melhor ângulo para a boa foto da newsletter.

Não consegue escolher o foco entre manual ou automático, manual e ainda tem que prestar atenção na descrição dos slides. Um verdadeiro apavoro. Tem que fazer o papel de fotógrafo, reporter e assessor de imprensa ao mesmo tempo.






Daí ele corre para o escritório, ou para casa mesmo se o freela for remoto, e começa a suitar quatro tipos de machete e linha fina diferentes. Fica numa neura terrível tentando não repetir sinônimos.

Vida dura é de aspirante a comunicador. Ainda mais quando o seu cliente te manda cobrir um evento em que voce tem que ser três em um. O bloquinho de anotação? Nem se fala! Frases imcompletas escritas à letra de médico. Sobra para ele mesmo depois na hora de transcrever, pedir ajuda da psicografia do santo Gutemberg para decifrar a declaração da fonte.






Percebe que a as aspas que escreveu naquele caderninho espiral está ilegível. Para contribuir, o áudio do gravador está péssimo. E então o que ele faz? Pede para a assessoria a ata da reunião para ver se fica mais seguro.

Tudo não passa de insegurança de reporter inexperiente. Mas até ai tudo bem. Depois de três horas que gastou para escrever uma lauda e meia, manda para o editor que rebate seus argumentos de uma boa matéria com a seguinte informação infeliz: Surgiu uma pauta urgente sobre uma nova declaração de alguma fonte mais importante da que você entrevistou.




E então a puta pauta que te deixou puto, nervoso e descabelado em todo o processo de apuração,  ao invés de só cair, desmorona sem deixar vestígios. Mas só tesão em atazanar o entrevistado com perguntas que nem sempre ele está a fim de responder, constuir um lead engomadinho, iguais àqueles que aprendeu com o professor gente fina na faculdade, já valeu a pena. Tá vendo como jornalista, além não ganhar quase nada se contenta com pouco?