quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Na mira de Bresson

O fotógrafo Henri Cartier Bresson viajou o mundo todo e deixou sua marca nas fotgrafias retratando a simetria existente na arquitetura e até nas arvores. Os trabalhos de Bresson expostos até 20 de dezembro no Sesc Pinheiros mostram desde arquiteturas super alinhadas desde o romance entre vira-latas até fotos expressivas de pessoas que cruzaram com o francês pelas vielas e becos toscanos e europeus.

Especialmente em Leningrado, 1973, o fotógrafo clicou dois homens à beira da ponte de uma forma ensaiada, talvez. Os homens nus da foto entitulada “Pedro e Paulo” posammeio receosos, mas o que se sobressai é o fato de que a foto pode ter sido produzida.

Já a foto Atenas, 1953, com as velhinhas passando debaixo de um casarão com largas colunas tem característica de fotojornalismo, pois retrata o momento em que elas caminham e este momento, ao final, junto com com as colunas deixa explicita a fissura de Bresson pela simetria. Outra foto que parece não ter sido proposital foi a de um homem com uma criança, tirada em Madri, 1933, que remete ao sentimento de descaso e solidão supostamente vivido por eles.

A partir de 1975 Henri aposta não mais em arquitetura e detalhe de sombras, e sim em fotos mais humanizadas que possam transmitir algum tipo de sentimento. É o caso do retrato de tirado na Romênia de um casal meio destraido mas que ao mesmo tempo parecem se divertir com a idéia de que viraram dois garotospropaganda de uma marca de lingeries.

Para acabar com a nostalgia romântica e expressiva de seus personagens que remete a serenidade e contemplação à suas obras, Bresson extravasa em Paris com a foto de uma sacanagem entre um casal de cães. Dentre todas as imagens da exposição é comum apenas dois retratos deste tipo. Pode ser que estas tenham sido sua tentativa de deixas cômico o seu portfolio que até então era alinhado demais.
Quem aprecia a arte das linhas retas, curvas e de uma foto expressiva deve conhecer Bresson até para tirar suas duvidas sobre simetria e como se tira uma boa fotografia.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Caridade

Eu daria muitas coisas por ele agora. Tudo não. Só aquelas que eu pudesse chantagear meu próprio ego.

Daria minha coleção de canetas coloridas, minhas garrafas de Coca-Cola sabor cereja que me trouxeram da Alemanha, meus papéis de carta doaria às crianças da APAE ou à alguma ONG que pratique sustentabilidade ou marketing verde.
Por ele eu faria. Não faria média. Faria muito. Muito de não comer carboidrato depois das seis, correr todo dia e não mais só na quarta e sexta e cortaria o doce de final de semana.

Tá bom, eu perdi. Ai de mim ter que arrumar o quarto todos os dias, organizar os sapatos e fazer as unhas toda quinta-feira. Para quem faz a cada quize dias, toda semana é um desaforo.

Não porque ele merece. Mas porque talvez eu mereça abrir mão das futilidades e regrinhas medíocres para tê-lo. Existem momentos que percememos que não vamos ser maisbem realizados ou menos bem comidos e/ ou reconhecidos se não desistirmos dos caprichos.

Por que quando ele me olha, me pega pela cintura com aquele perfume de essência madeirada na camiseta preta, eu quero mesmo é que as formigas comam todo meu chocolate, minhas cadelas comam todos os meus biscoitos, que meu quarto mofe por inteiro e que meus sapatos se percam junto com as botas de Judas. É ele. Ponto final.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Chucrute e Rock n´roll


Banda de heavy metal alemão
conta a correria na cena independente





A banda Der Wahnsinn não teve um patrocinador logo de cara, um pai de vocalista que fosse do ramo da música como os nova-iorquinos do “Strokes” ou estúdio próprio. Os “insanos”, como eles próprios se intitulam, tiveram a idéia enquanto cursavam o ensino médio e quando ainda nem sabiam o que prestariam no vestibular. Sempre bancaram com instrumento, transporte e aluguel dos espaços para ensaio. Já encomodaram o vizinho e discutiram como qualquer rockband. Porém a vontade de se destacar entre grupos cover falou mais alto. No início parecia mais uma penca de garotos que percorreria casas de shows e bares da rua Augusta tocando um bom e velho Metallica ou AC/DC. Mas logo depois da primeira apresentação em 2003, Eloi Aldrovandi, Fernando e Leandro Mazzaro perceberam que um cover de rock alemão da banda Rammstein poderia ser um destaque na cena, considerando a enxurrada de bandas de heavy metal nacionais que já existiam.

A partir daí os jovens procuravam transmitir em suas músicas mais que um nome estrangeiro e começaram a criar letras em alemão graças a Christian Hoffman, vocalista, que desde os 7 anos de idade estuda a língua e já morou lá na terra da cerveja. “Naturalmente a língua inglesa é universal, mas o fato de utiliza-la na música faz o trabalho da banda se destacar e também traz esta outra cultura além da habitual. Para aqueles que nunca ouviram a banda, pode ser algo chocante em um primeiro momento, mas tenho conversado com muitas pessoas que tem se interessado pela língua depois que nos ouviram” afirma.
“Estamos focando em um nicho de mercado específico ao passo que somos uma banda brasileira que toca metal cantado em alemão. No Brasil desconheço até o momento bandas que tenham o mesmo estilo e, assim, acredito que há um espaço para crescermos trabalhando em algo inovador. As vezes penso que estamos remando contra a maré, mas o nosso desafio é exatamente este para revolucionar o heavy metal nacional”, diz Hoffman.
Com a ajuda do primeiro produtor, das comunidades do Orkut e da divulgação entre amigos a banda passou a se apresentar frequentemente em circuitos de rock-alternativo de São Paulo.
O baixista Leandro Mazzaro diz que mesmo tocando sons do Rammstein, conhecido e aclamado pelo público de metal industrial, ele não tinha idéia de que o nome Der Wahnsinn (A insanidade) pudesse ser tão referência quanto .
Em 2007, após receberem medalhas e Morcegos de Ouro nos anos anteriores, o grupo lança o EP Industrielle Revolution, o primeiro projeto próprio que ajudou a carreira dos insanos literalemente incendiar. O vocalista conta que em um dos shows a banda usou fogos de artifício para fazer pirofagia. “Em uma tentativa frustrada de efeitos especiais, as faíscas quase atingiram o olho do baixista e voaram no decote de uma garota da platéia. A partir daquele dia decidimos ser menos insanos nas apresentações”, comenta entre risos. O susto até serviu de inspiração para a música "Feueraugen" (olhos de fogo.)

O vocalista confessa que não tem medo de que a banda fique conhecida apenas por ser uma imitação de Hammstein. “Reconheço que o projeto cover foi a raiz do trabalho. No entanto, a Der Wahnsinn tem ambições maiores do que apenas tocar música cover.” Prova disso são as letras criadas pela banda, as quais carregam significados e conotações originais pois transmitem sentimento, desafios e perspectivas da sociedade.
A faixa título “Eine Industrielle Revolution” fala da revolução das máquinas contra os homens. Um cenário apocalíptico, mas que leva a reflexão do quão avançado a tecnologia está e o que poderia acontecer em um cenário futurista. A música “Neuen Anfang” conta a história de alguém que perdeu tudo e como ela tenta se reerguer. É marcante pois foi o primeiro single que a banda tocou ao vivo.

Quanto ao patrocínio do Der Wahnsinn, a banda garante que se vira como pode. Segundo o vocalista, ainda é muito difícil viver de música e por isso conta com o apoio dos fãs para a divulgação, uma loja de roupas da Galeria do Rock e com amigos produtores. A vitória na seletiva regional do Wacken Metal Battle em São Paulo marcou mais um passo na carreira e deu maior visibilidade.
E quem pensa que os “insanos” se apresentam só no circuito de rock da cidade está enganado. Desde 2007 já fazem shows por todo o Brasil. Passaram pelo interior de São Paulo, Paraná , Minas Gerais, Goiânia e batem cartão nos festivais de heavy metal da cidade maravilhosa.

Para conhecer o projeto próprio do Der Wahnsinn Eine Industrielle Revolution acesse: www.myspace.com/derwahnsinn