domingo, 4 de novembro de 2012

Confiando no acaso



perdemos a chance de ver surpresas

Depois de uma terça feira cheia de relatórios e telefonemas dispendiosos, muitos de nós que procuram certas independências domésticas, sobrecarregamos a noite com tarefas árduas.

Passando as roupas sociais das reuniões demoradas, lavando as meias calças e organizando a fileira de cosméticos e fazendo as marmitas saudáveis do dia seguinte. Falta tempo até de pensar em esbarrar num amor bandido pelas esquinas dos corações esquecidos.

E é pensando assim que Eber vive há mais de oito anos. De casa para o trabalho, não leva nem três minutos para atravessar a rua e se enfurnar atrás da tela do computador e das planilhas de Excel.

Tem um emprego bacana, bem visado e compensador. Só não conseguiu em todo esse tempo achar um sentido e responder a sí mesmo porque trabalha tanto.

Eber é introspectivo, metódico, metrossexual , articulado e gente fina. Mas se ele é tudo isso junto, porque ainda reclama da solidão?


Os amigos reparam e  preocupam-se. Já tentaram de tudo para ver se Eber se arranja de vez com uma mulher. Facebook, speed dating e até correio elegante das festas juninas que ele frequenta quando visita os pais no interior de S. Paulo.

Já acreditou nos encontros marcados e nas garotas amigas dos amigos da firma. Depositou tempo, dinheiro e confiança nas meninas que viram no seu cargo na empresa uma saída para mudar de vida e sair do aperto. 

Passou em mãos gananciosas o cheque em branco dos seus sentimentos. Perdeu-se amargamente nos labirintos solitários da alma e por isso, limita-se a conhecer gente nova.

Para o moço por enquanto, o acaso serve de desculpa para se meter sem compromisso nos braços de uma donzela. E as percepções do amor perdem solidez quando conhece Catarina.

Tudo o que sabia sobre as mulheres diluiu-se em questão de dias enquanto trocava emails com ela. Pela primeira, e talvez a única, Eber desprendeu-se das referências antigas sobre garotas e percebeu a transparência e segurança da jovem de 28 anos.

Que ela poderia lhe trazer a felicidade sem culpas,  sem cobranças e apontamentos. Esta é a parte lúdica da vida de Eber. Descobriu destraido que podia amar de novo.

 

 

Nenhum comentário: