segunda-feira, 4 de junho de 2012

Te espero na saída



Graziela, durante a adolescência, suportou muito bem o “cabresto “ comportamental. Estudava muito para o vestibular, quase não assistia televisão, mal usava a internet e batia cartão nas reuniões de moços cristãos da vila Leopoldina.





Conhecia boa parte dos garotos sensatos e engomadinhos de gel no cabelo e de linguagem plácida. Todos integrantes de uma associação caridosa que distribuía roupa e comida aos carentes.


Com pelo menos um deles, Juvenal, o pai de Graziela, gostaria que ela firmasse casamento. Mesmo assim, a paulistana hesitava boa parte dos convites deles para um sorvete ou algo a mais.




Graziela,ainda muito jovem e temente à religiosidade que lhe foi dada como herança pela família catedrática, cometeu um dos crimes inafiançáveis ao conceitos paternos: envolveu-se com um moço da zona leste, ateu, mais velho e mais pobre que ela.

 E quando Juvenal nem dona Emiliana já não metiam o bedelho nas decisões emocionais dos 25 anos dela, isso lhe soou como liberdade. Conheceu Cesar numa reunião de amigos quando já estava na faculdade.



 Moça e não bulida, procurava aventuras libidinosas com o rapaz que estava disposto a ensinar as boas coisas da vida, entre elas, as carícias escondidas. Com ele viveu os maiores absurdos apaixonantes que uma mulher desejaria.




Ainda que fosse extremamente atencioso e pronto a ouvir as dúvidas de Graziela, Cesar não estava preocupado em frequentar as reuniões cristãs da qual a jovem de cabelos escuros e cacheados fazia parte. Pelas tardes de domingo, enquanto ela ia aos encontros religiosos, Cesar assistia aos jogos do Corinthians. Quando muito se fazia intelectual, lia títulos de Augusto Cury.




Jamais cedeu aos convites da para conscientizar-se da mesma fé. Tinha certeza de que ainda a amava, mas não o bastante para acompanhá-la porta à dentro. Revestia-se da espiritualidade oposta, mas não compartilhava das mesmas teorias de Graziela.
































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