segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Tumores das cidades


Poluição do ar e stress no trânsito matam 4 mil pessoas por ano no país
texto e foto Ingrid Araújo

O livro “Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles”,  coordenado pelo Dr. e  Prof. Paulo Saldiva, Chefe do Departamento de Patologia da USP , reúne pesquisas sobre o impacto da poluição atmosférica no meio ambiente e o stress do trânsito na saúde do cidadão principalmente  em S. Paulo, onde se localiza a maior frota de veículos do Brasil.

Segundo a pesquisa descrita na obra que foi apresentada no ciclo de debates promovido pelo Detran SP, 90% da poluição atmosférica da cidade provém de veículos, dos quais 40% são representados por caminhões e carretas. Ainda que com um aspecto silencioso, o ar poluído, de acordo com o pesquisador, é o causador de aproximadamente 4 mil mortes por ano no país.


Para ilustrar a atrocidade, Saldiva citou um estudo europeu que constata que o aumento da combinação dos gases metano, C02 e ozônio na atmosfera até o ano de 2050, pode matar 5 milhões e meio de pessoas  vítimas de doenças respiratórias. Estatística esta que ultrapassa o número de mortos por AIDS.

O estudo apontou que se houver a redução da poluição em 10%, ao longo de 20 anos o número de mortes pode cair para 120 mil. Um caso abordado na Revista Médica  analisou a  perspectiva de 55 cidades dos EUA. Nelas, percebeu-se que quanto maior o índice de poluição do ar, menor era a expectativa de vida.

SAÚDE

Para o pesquisador, cidades são consideradas como organismos vivos, pois abrigam o maior número de doenças múltiplas, entre elas a febre, Alzheimer, hipertensão  e obesidade. “ O indivíduo obeso, por exemplo, não a contraiu por herança genética, mas porque absorveu costumes  doentios do cotidiano ao longo do tempo.



Os adolescentes que passam a maior parte do tempo em casa consomem mais alimentos ricos em açúcar refinado e gordura saturada, pois são comidas de fácil preparo. “Preferem jogar interagir com um computador ao sair, pedalar pela cidade e gastar em uma hora, aproximadamente 350  caloriAs”, relata Saldiva.

TRÂNSITO

O trânsito das grandes cidades também é citado como precursor do stress e das doenças cardiovasculares. De acordo com pesquisador,  a pressão arterial do indivíduo dentro de um carro aumenta 15%. Dados do Ministério da Saúde revelam que a hipertensão, somada a obesidade e sedentarismo  resultam em 29,4% mortes por infarto por ano.

Saldiva confessa que tomar banho de canequinha no escuro é um discurso ambiental que daqui há 50 ano só beneficiaria os ursos polares. Entretanto, para o patologista a solução dos percalços pode se iniciar com um vínculo entre a política, economia e a ciência como base do conhecimento para implantação dos projetos que  repensem em redução de gases tóxicos, mobilidade no trânsito, e  a forma de organizar a cidade.


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