sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Na bandeira 2

Já eram onze e meia da noite e ela não podia mais esperar. Ligou para Bernardo, seu atual namorado, e desmarcou o cinema. Ele chegaria mais tarde porque tinha que terminar um projeto de mídia para os magnatas japoneses de uma indústria automobilística. Mariana sugeriu que comessem algo em casa. Tinha que passar a noite em claro para editar algumas fotos para uma revista.


Ela estava sem carro, e, como uma mimada paulistana do bairro da Mooca, preferiu chegar em casa de taxi. Primeiro passou num café, na avenida Paulista para comprar um chá preto. Sabia que a cafeína do chá a deixava com dor de cabeça. Por isso tinha na bolsa cartelas de paracetamol para resolver o problema. Essas eram uma das coisas que não conseguia ficar sem.


Achou estranha a pouca movimentação da avenida aquela noite. Talvez o frio tivesse acanhado ainda mais os corações solitários que optaram por não se arriscar em mesas de madeira e copos americanos de cerveja na gélida NY paulistana. Fez sinal para um taxi. Entrou, e pediu que a levasse para a avenida Paes de Barros.



Enquanto isso mandava sms´s ansiosas pois queria vê-lo logo. Atendeu telefonemas dos amigos da "firma", confirmou reuniões por email e mandou twitts revoltados no perfil da presidenta, a Dilma.


Durante o percurso, se lembrava dos velhos tempos em que estava com Vinícius, jovem de 25 anos, o qual ela viveu um romance quando tinha 17. Frequentavam o Madame Satã juntos e ficavam na porta do Moto Aventura, na avenida São João, a noite inteira, com um galão de vinho barato. Não queria mais nada, além dele e da bebida. Recordava como era bom andar abraçada com ele e se abrigar do frio, já que sempre esquecia o casaco antes de sair de casa.







Um dia, decidiram não mais se ver. Vinícius queria voltar a ver a ex-noiva que um dia foi embora da casa dele depois de uma discussão que envolvia os R$400 de aluguel. Ela, ficou meio perdida. Chegou a dizer que ele era vazio, mas nada adiantaria. Não tinha como proibir que uma pessoa saísse da sua vida.


No semáforo, percebeu que o motorista do taxi a olhava fixamente pelo retrovisor. Numa dessas, Mariana correspondeu e disse a ele que sabia quem ele era o tempo todo. Só não disse nada antes porque Vinícius estava mudado. Cabelos penteados como executivo, e roupa social. Nada a ver com as roupas pretas que usava antes.


Ele a elogiou. Ela, sutil, agradeceu. Perguntou se ele estava há muito tempo no ramo, sobre velhos amigos, e o infernal trânsito da cidade. Mas não lembrava a ele do que passaram no inverno de 2007. Vinícius gostaria de dizer que se arrependeu e que talvez voltaria a sair com ela.


Os dois se despediram, ela entregou as notas de R$10 e saiu. Estavam com a sensação de que poderiam ter dito algo mais, correspondido um pouco mais. Mariana agora não tinha mais como dizer que, lá no fundo, ela adoraria que isso acontecesse de novo.

5 comentários:

Alexandre Miranda!!! disse...

ahh q fofo!!! adoro historias de amor e rever as pessoas é otimo!
é quase a nossa historia menos a parte de amor(sexo), hehehehe
mas ainda continuo gostando do que vc escreve!!!
bjss

P.s : Quero um personagem em meu nome!!!
rsrsrsrsrsrsrs

Anônimo disse...

Olá, Ingrid!
Sou amiga do moço do comentário acima, o Alê. Passei pra dar uma olhada nos teus textos... muito bons...

Muita coisa em comum por esses sítios. Também estudo jornalismo, também sou uma moça da Mooca e a Paes de Barros é a avenida que passa dentro da minha casa (o que é morar perto de uma avenida senão morar dentro dela, né?)

Prossiga nos textos.

Abraço!

Adriana Otero disse...

gostei :)
na minha relação com Jr. quem esquece o casaco é ele. No dia q eu esquecer passo frio rsr.
Bjs Ind

Andreia Hiromi disse...

Ainda não entendo o pq passamos a vida lutando para ser infeliz...

Anúbis Dark® disse...

Ei vc se inspirou em alguma historia real perto de vc rs adoro seus textos sobrinha amada bjo!