segunda-feira, 11 de março de 2013

Silencioso barulho


e ausência do outro que nos incomoda



Vivemos sucumbidos de poluições sonoras diariamente. Desde que acordamos até o momento que chegamos em casa. Começa com o despertador ensurdecedor que, se não for assim, confundimos com canção de ninar e perdemos a hora, e termina com o som baixo, mas presente, do último noticiário na TV.


Para tentar escapar das exigências sociais da megalópole, fugimos para a praia deserta ou para a última colônia com chalés disponíveis da cidadezinha do interior. E nestes lugares não diferentes daqui, nos deparamos com o ruído de cada lugar.

Somos ensinados a procurar ambientes de paz, nem que para isso custe boa parte do salário para bancar esses momentos de serenidade. Conseguimos, temporariamente, desligar a mente das preocupações e mergulhar nas ofertas “zens” do mundo moderno.

Feito isso, voltamos para pegar no batente proletariado. Corremos mesmo sentados, pois a nossa mente viaja, questiona, constrói, reflete, desanima, desencana, sonha e prova que está em constante movimento. Pura ansiedade, claro.

Mas prefiro falar de um outro silêncio. Daquele que a pessoa que entrou na nossa vida agora é responsável. No começo de um relacionamento, uma amiga minha, muito ludibriada, atendia a todos os convites do tal pretendente.




Saiam quase todo final de semana e se falavam assiduamente. Trocaram elogios e poucas percepções carnais, o suficiente para que ela projetasse um compromisso sério. Penso que a garota confundiu cortesia com reciprocidade de afeto, muito comum entre as mulheres.

Muitas delas, na faixa dos 20 acreditam que o sinônimo de felicidade vem dentro de um terno, ou feito o conjunto de cuecas box em promoção. Amor é pacote fechado. Vem na medida e o outro aceita. Se for demais, não liga, dá meia volta e segue outro rumo.Dependência e insegurança é carga pesada para o parceiro. E quando o parceiro percebe, sai correndo com razão.

Ao longo da vida assistimos o casamento dos próprios pais e dos amigos mais próximos,  e somos ensinados a suprir necessidades emocionais do companheiro o tempo todo. Entretanto, na maior parte do tempo buscamos pessoas que nos somem. Um pouco egoísta, digamos. Mas é difícil agir diferente diante da tendência global que dita relações às vezes, a curto prazo, que nos fartem em tempo recorde.

Nem sempre quando ele a chama para um café quer dizer que é afim de você. Arnaldo Jabor expresso o drama em crônica. O jornalista Ivan Martins também relata a ilusão e expectativa frustrada de muitas garotas. É o que ele chama de distorção amorosa. Acontece. Estamos sujeitos a decepções.

O que incomoda minha amiga é sumiço repentino dele. Ela costuma se queixar dos “promotores” sentimentais da sua alma que tentam a todo momento a acusar de algo que ela fez ou deixou de falar. Acredito que é simples resolver esse antagonismo sentimental. É só somar atitudes e o próprio coração ajuda a perceber até onde podemos nos doar e sermos precebidos. Se no cálculo a estimativa não mostrar lucro, não vale a pena gastar tanta energia pensando em quem saiu pela porta dos fundos sem avisar.

2 comentários:

Tati Piccelli disse...

Ótimo texto!!! E em muitas partes verdadeiro... Parabéns!

Mônica Raouf El Bayeh disse...

Mt legal