domingo, 20 de junho de 2010

Um quase delírio

A partir daquele dia resolveu não mais esperar. Ela se foi ligeira, sem delongas, firulas e sem a expectativa de receber mensagens no celular no dia seguinte. Penteava os cabelos longos depois de os ter lavado na água morna daquele chuveiro simples do quarto do hotel. Passou base, delineador, rímel, mas também teve que colocar um corretivo com extrato de maracujá nos olhos. Não queria que as meninas da recepção, nem quem chegasse perguntando o andar da sala de coleta de exames a visse com as olheiras que sempre teve.

Pegou um pedaço de pão, beliscou o mamão e nem quis o leite. Queria na verdade não ter deixado de estudar com o filho que tinha uma prova de álgebra e binômios naquela manhã. Fabiana estava leve entre as pernas; despreocupada, aliviada e desprendida. Mas por dentro sentia remorso por ter se desligado dos problemas aritiméticos de Bernando para dar atenção ao poder fálico, um lance antigo que voltava para tirá-la do sério novamente. Edson, o rapaz com perfume de essência cítrica, dessa vez queria comprar um apartamento, uma LCD nova, aprender a cozinhar e a lidar com Zara, a Rotweiller de Fabiana. Também estava disposto a conquistar Bernardo, levá-lo para assistir os jogos de classificação do Santos para o Brasileirão lá na Vila.


Como um ariano descabeçado, intenso e de coração grande, depois de dois anos pediu à Fabiana para jutarem as escovas de dente. Mas a recepcionista de um metro e meio e voz suave, disse que aquele não seria o momento porque estava quase terminando de pagar o tratamento dentário, as prestações do notebook, o 7º semestre de psicologia, os remédios do pai hipertenso e o inglês do filho. Parecia que Fabiana estava leviana quanto aos sentimentos. Como estado civil, mostrava-se completamente desinteressada em investir no amor de Edson e em orgasmos rotineiros como o daquele durante o banho.

2 comentários:

Adriana Otero disse...

orgasmos rotineiros é fo.. srsrs
bjs ind

Andreia Hiromi disse...

Certissima ela!!