sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Por meio de um deboche

Luciana reconquistou um amor do outono

Quando não mais havia maneira do sol esquentar-se tanto pelas ladeiras paralelas à avenida Paulista, e o ar abafado tomava conta do pulmão daquela multidão frenética em busca do dinheiro que sustentava o ego, Luciana voltava apressadamente do almoço que já não lhe caíra muito bem.

Com o pesar do estomago e das pernas, subia a Padre João Manoel com destino à Alameda Santos já conformando-se com a leitura de uma pilha de relatórios que se estenderia por toda a tarde. Para espantar essa tristeza, Luciana camuflava seu desgosto com muito sarcasmo e o direcionava para pessoas a sua volta.


E o motoboy do restaurante América foi a vitima da vez. Com muita inexperiência, o garoto de 18 anos empilhava as encomendas na garupa da moto de placa adulterada. Desajeitadamente e para sorte de Luciana-jovem sagaz e bem folgada-, as embalagens de macarrão ao pesto desprenderam-se da humilde moto e a fizeram infernizar o inexperiente quando o chamou de belo babaca, para não dizer, cuzão.

E então o ódio por ser ridicularizado aflorou nas respostas de revolta e ameaça. Anderson ficou extremamente consternado com o deboche e disse que correria atrás dela furiosamente até matá-la. Aquelas palavras carregadas de furor penetraram o consciente dela e a fez repensar na cagada que cometera em dar risada do sofrimento alheio.

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Como uma garota deveras traumatizada, temeu-se em continuar subindo e desesperadamente entrou na primeira a direita. Tinha entrado, sem querer, ou por sorte do acaso provocado, na rua do trabalho de Fernando.

Estatificou-se e percebeu que não poderia andar sozinha até o trabalho e decidiu solicitar friamente a companhia dele até seu destino. O galego da pele clara, do contrario do que ela pensava, esteve de coração aberto para receber o convite.


E entre as alamedas Santos e Lorena, os ressentimentos de uma solidão reestruturaram-se no novo afeto e no convite de perdão de Fernando por tê-la deixado esperando na estação de Guaianazes e como se não bastasse, ter desaparecido de vez.E a serotonina do amor entrou em cena e reconstituiu um laço de afeto que o vento levara até o triho do metro, da estação que se encontravam escondido dos pais.

Adolescentes, Fernando e Luciana procuram na imaturidade uma forma de crescerem juntos, apesar dos ressentimentos do passado. A garota mal sabia que uma libertinagem verbal impensada poderia lhe resultar um reencontro que de novo lhe rendessem borboletas no estomago.



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